Com frequência ouço no consultório queixa dos pais em relação a falta de autonomia das crianças. Procuro sempre auxiliar na compreensão da autonomia como um processo e, principalmente, um aprendizado que precisa ser exercitado diariamente, desde que a criança é pequena.

Antes de falar de autonomia, precisamos compreender como se dá o processo de aprendizagem de uma criança. De modo geral a criança aprende primeiro observando e, em seguida, experimentando, por tentativa e erro, repetir aquilo que aprendeu. Mas precisamos ficar atentos a algo importante: o tempo da criança é diferente do nosso!

“Eu estou indo, você vai ficar?”; “Me dá aqui que a mamãe faz para você, você está derrubando tudo”; “Vamos logo que estamos atrasados”. Você já disse ou ouviu alguma dessas frases? Não se sinta culpada, todos nós já dissemos ou vamos dizer alguma delas em algum momento. Essas são reações muito comum, pois a gente tem pressa, e a pressa é um dos maiores dificultadores no processo de criação dos filhos.

Reclamamos que as crianças são impacientes, que não aguentam esperar, que não conseguem ficar quietos sem fazer nada, que nos solicitam a todo o momento e esbravejam na primeira dificuldade. Acontece que o tempo da criança é muito diferente do nosso e na correria do dia a dia não conseguimos permitir com que as crianças exercitem essa independência e autonomia. Vamos podando aos poucos e com o tempo as crianças perdem o interesse. Erros, sujeiras e bagunças vão acontecer, mas o mais importante será nossa reação e forma de lidar com esse processo de aprendizado.

O processo de aprendizado é lento, demora e temos pressa. A gente tem pressa de chegar em algum lugar, mas esquecemos que a graça está no percurso e não no destino final; que os momentos mais preciosos não são contados no relógio. Estamos deixando a melhor parte do crescimento das crianças correr diante dos nossos olhos. A gente tem pressa, mas precisamos refletir diariamente: estou com pressa do que?