Nessa semana recebi uma mensagem de uma mãe com essa pergunta e achei muito interessante, então resolvi escrever um texto reflexivo para ajudar outras famílias com a mesma dificuldade.
Precisamos sempre ter em mente que o processo de educar é uma via de mão dupla. Quando perdemos a paciência e gritamos, nós estamos ensinando as crianças que é somente no grito que estamos realmente falando sério. Todas as outras 15x anteriores não precisavam ser levadas a sério. Acabamos "treinando" as crianças a esse padrão de resposta, ou seja, esperar o grito para responder ou fazer o que é solicitado, pois elas aprendem que é só nesse momento que realmente precisa ser feito.
Quando a criança ignora os pais quando eles solicitam algo que não é do seu interesse e isso prolonga o tempo que elas têm para continuar fazendo o que querem, também estão "treinando" os pais.
Vocês percebem como o ciclo acontece? Eu grito porque a criança não escuta. A criança não me escuta porque eu grito. Precisamos sair desse ciclo e só temos controle sobre uma parte dessa equação: a nossa parte.
Precisamos associar a consequência na primeira vez que falamos e não na décima quinta. Gritar é um reforçador do comportamento. Se quando você solicitar algo, você vai acabar permitindo com que a criança "enrole" um pouco mais, então essa comunicação precisa ficar clara para ela. Avise que daqui a alguns instantes você vai retornar e ela vai desligar a televisão para tomar banho, por exemplo. Quando você voltar será exatamente isso que vai acontecer, sem gritos da sua parte, nem flexibilização do tempo mais, pois isso aconteceu nos momentos anteriores. Você antecipa e dá um tempo para a criança se preparar.
Claro que a educação não é tão simples assim, não é mesmo? Ela vai tentar continuar enrolando, afinal, vocês funcionaram dessa forma durante muito tempo e elas vão tentar continuar a dinâmica dessa forma. A dica então é: dê escolhas limitadas. Geralmente duas opções, nas quais ambas você está ok em ela escolher. O grande erro na aplicação dessa técnica é dar uma escolha na qual não queremos que a criança escolha. E adivinha qual ela irá escolher? Nessa escolha limitada você deve oferercer uma escolha que a criança tem controle e uma que você tem controle, assim, caso ela não escolha, você segue na opção que você tem controle e ela vivencia a consequência de não escolher.
Toda a interação com a criança passa por dois fatores: conversa ou briga. Estar em um lado ou outro depende exclusivamente das nossas ações como adultos.
Então quero deixar uma reflexão para vocês: você quer ensinar ou apenas gritar? Educar é um processo exigente e trabalhoso, mas a longo prazo os resultados são extremamente satisfatórios.
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