As crianças e os amigos

As crianças nascem egocêntricas, acreditando serem o centro do universo e que só elas existem. Por volta dos seus 3 ou 4 anos, começam aprender a esperar e a dividir. Percebem que o outro existe e que quer brincar com o mesmo brinquedo que elas, que o desejo do outro é tão importante quanto o seu desejo. Dessa forma, nesse aprendizado, elas começam a perceber que o outro pode ser um bom amigo e que esse amigo é importante para elas, por isso também precisam considerar o que ele pensa, sente e quer.

Por volta dos 6 ou 7 anos, as crianças começam a vivenciar relações mais horizontais, de consideração e troca, e algumas dificuldades nesse relacionamento podem aparecer. Nesse momento, os pais, muitas vezes, sentem-se confusos, pois em casa os filhos sabem o que querem, emitem desejos e opiniões, mas quando estão com os amigos mostram-se passivos, deixando o outro sempre decidir, fazendo o que o outro quer, mesmo quando não era o que eles queriam. A opinião do amigo passa ser muito importante.

Nesses momentos devemos manter a calma e não tentar resolver os conflitos pelas crianças, tentando falar com os amigos, mas sim incentivá-las ao diálogo e ao uso da palavra, oferecendo recursos e ferramentas para que elas mesmas consigam falar, saindo desse lugar desconfortável, fazendo o que não gosta somente para agradar o amigo. Devemos incentivar as crianças a abrirem o coração, a falarem o que pensam, a se colocar caso algo esteja incomodando.

Os pais são muito importantes nessa fase, pois serão a referência e o suporte para as crianças compreenderem que desavenças e divergências de opiniões são naturais e que podemos resolver conversando. Além disso, os pais podem ajudar a esclarecer as estórias, que muitas vezes estão aumentadas ou fantasiadas na cabeça das crianças, para que assim, elas se encorajam e se encham de segurança nessa relação de amizade, podendo se expor e ser quem ela é.

Esta é uma ótima oportunidade para as crianças aprenderem a considerar a opinião dos amigos, ouvirem o que eles pensam e querem, mas também descobrirem a sua própria opinião.